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Diálogos urgentes

Nunca tivemos um governo tão inepto no Brasil. Pastas essenciais, como Educação, Saúde, Relações Exteriores, Meio Ambiente e Direitos Humanos foram confiadas a pessoas incompetentes. Mesmo o ministro da Economia não sabia como era votado o orçamento da União. Mais: é um governo contra a vida. Deixa morrer um brasileiro de Covid-19 por minuto porque não combate direito a pandemia. Em vez disso, sabotou o próprio ministro da Saúde e tem hostilizado os que lutam para conter o avanço do vírus. Que um fraco rei faz fraca a forte gente, dizia Camões. Tolerar um governo assim avilta os brasileiros.

Deixo para outra oportunidade a discussão sobre o que levou uma maioria de eleitores a escolher tal caminho. Hoje, a questão prioritária é saber que possibilidades há de escapar dessa rota que colocou o Brasil na vanguarda da barbárie.

Após a vitória de Jair Bolsonaro, pesquisas indicaram que, descontados os eleitores de ocasião, os apoiadores do presidente seriam de fato cerca de 30% dos brasileiros. Porém, o cientista social Reginaldo Prandi, ao analisar, em artigo publicado na Folha de S.Paulo, uma pesquisa do Datafolha feita em 23 e 24 de junho deste ano, calculou que o “grupo de adeptos fiéis, entusiastas fanáticos, adoradores em qualquer situação” do presidente não representaria mais que metade desses eleitores. É o “núcleo duro” de Bolsonaro, formado por seguidores radicais, os mesmos que vão às ruas para defendê-lo sempre que necessário e que o presidente costuma confundir com o conjunto do povo brasileiro.

Como a outra metade dos 30% é formada por apoiadores não tão aguerridos, resta na verdade apenas uma pequena proporção de extremistas, impermeáveis a quaisquer argumentos, pois avessos aos princípios da democracia e, também, ao conhecimento científico. A estes últimos, nós que almejamos um futuro melhor para o país não temos talvez o que dizer – não agora. Mas aos que formam a outra metade, temos, sim. Talvez valha a pena reconquistá-los para a democracia. O que me leva a duas questões.

A primeira é saber como estabelecer um diálogo do campo democrático com a metade dos bolsonaristas não radicais, reunindo-os a uma frente ampla de oposição ao governo. A outra questão é saber se existe, realmente, alguma disposição da parte dos que rejeitam Bolsonaro a formar uma frente oposicionista, o que implicaria, necessariamente, estabelecer um diálogo entre a esquerda e a direita.

Começo com a segunda questão.

A democracia se consolidou na França justamente entre os anos 1870 e 1880, quando se alternaram no poder a centro-direita e a centro-esquerda. Foi o início do período chamado de Terceira República, durante o qual a competição entre os dois campos políticos propiciou a implantação da educação universal, consolidou a laicidade do Estado e promoveu a inclusão das classes trabalhadoras à sociedade. O Brasil teve algo parecido no período entre 1992 e 2016, ou seja, de Itamar Franco a Dilma Rousseff. Foi um tempo áureo para o país, em termos de consolidação da democracia, de participação política e desenvolvimento social. Até que tudo degringolasse, a confrontação de dois partidos, o PSDB (de centro-direita) e o PT (de centro-esquerda) não impediu a alternância no poder nem a (aparente) consolidação das instituições. Pois PT e PSDB eram – e são – mais que dois partidos: representam duas sensibilidades políticas.

O ódio entre essas duas sensibilidades começou a aparecer já no primeiro governo Lula. Até hoje, um partido culpa o outro por esse ódio, sem que entendamos ao certo o que causou a animosidade mutuamente compartilhada. Sabemos que a intensidade da repulsa aumentou a cada eleição, a tal ponto que o pleito de 2014, quando Dilma foi reeleita, transformou-se num dos mais agressivos da nossa história democrática, com atitudes reprováveis da parte dos principais candidatos, exceto de Marina Silva. O ódio entre os dois partidos acabou levando à destituição de Dilma – para alguns, um impeachment; para outros, um golpe. É a ferida que não cicatriza.

O ódio extravasou o Parlamento e foi além do confronto PT-PSDB, espalhando-se entre uma parcela significativa dos eleitores, que passaram a ofender políticos, partidos e, por fim, todo o sistema representativo, acossado também por sucessivas acusações de corrupção. Foi o combustível ideal para o aparecimento de um outsider, um político que se dizia antissistema, mas que nele (e dele) sobrevivia há quase três décadas, como obscuro deputado.

Bolsonaro nunca alcançou grande expressão política e, tendo sido eleito presidente por força do ódio, é do ódio que ele se nutre. Sua força vem daí – e não da instituição parlamentar (cujo apoio ele tenta agora, pela primeira vez, congregar). O presidente depende da neutralização recíproca promovida por esses dois grandes protagonistas da política (o PT e o PSDB), por essas duas sensibilidades (a de centro-esquerda e a de direita, pois a centro-direita particularmente sumiu), para que possa se colocar no meio da arena. Bolsonaro e sua turma são fracos, mas tiram sua força do esvaziamento da política produzido pelo ódio que se disseminou e, por sinal, levou a antiga centro-direita a se tornar, apenas e simplesmente, uma direita, flertando sem pudor, na eleição de 2018, com a extrema direita (como esquecer o slogan “Bolsodoria”, por exemplo?).

Essa situação lembra a que Karl Marx descreve em O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, sobre o impasse na França nos anos finais da brevíssima Segunda República: era tal o ódio entre as duas alas monarquistas, e também entre elas e os poucos republicanos de então, que um presidente de escasso apoio parlamentar e político, Charles-Louis Napoleón Bonaparte, conseguiu dar um golpe de Estado que o transformou no imperador Napoleão III. Não que ele fosse forte: sua força vinha do empate político a que estavam reduzidos os seus possíveis opositores.

É preciso notar que, depois do furacão que passou pelo país entre 2015 e 2018, sobrou de fato apenas uma legenda política de maior expressão – o PT. O partido elegeu 56 deputados, a maior bancada na Câmara em 2018, embora não chegasse a 11% do total de membros da Casa (o PSL elegeu número ligeiramente inferior, mas não tem personalidade própria, tanto assim que seu puxador de votos, o presidente Bolsonaro, se desligou dele). Toda a centro-esquerda reunida, porém, não chega a 140 cadeiras, menos que o necessário para pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Na mesma eleição, dois partidos importantes do período democrático, o DEM e o PSDB, despencaram, fazendo 29 parlamentares cada um (5,6% dos deputados), empatados na nona posição na ordem das bancadas.

O PT tem líder, programa e unidade, atributos que o DEM e o PSDB já não têm. O DEM conta com dois ministros e a presidência das duas Casas do Congresso, mas há uma boa distância entre Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, e os outros três nomes de seu partido no ministério e no Senado. Já o PSDB, embora governe três estados importantes – São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul –, deixou bem para trás a sua história, enquanto se calavam os seus líderes, como José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves – todos eles alvos de inquéritos – e Fernando Henrique Cardoso, que não quis aproveitar a oportunidade para ser o líder de uma oposição moderada, mas firme, a Bolsonaro.

Uma palavra sobre FHC: sua façanha histórica foi convencer a direita de que ela podia ganhar eleições dentro das regras democráticas e sem recorrer a demagogos (como aconteceu, no passado, com Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello e, agora, repetiu-se com Bolsonaro). Talvez o ex-presidente tucano sinta que essa proeza não é mais possível. Seu partido hoje é liderado pelo governador de São Paulo, João Doria, que rejeita qualquer proposta social-democrata num partido que (ainda) conserva a social-democracia no nome. O motivo por que FHC não se anima a virar a mesa é uma questão em aberto. Seria uma grande oportunidade histórica.

Fora o PT, nenhuma das dez agremiações mais votadas para a Câmara se porta como um partido. Por isso, prefiro falar não em disputas entre partidos, mas em sensibilidades em conflito, sendo uma de centro-esquerda e outra que vai da centro-direita à direita (mas que não se confunde, hoje, com a extrema direita de Bolsonaro). A sensibilidade de centro-esquerda não inclui apenas o PT, mas ainda o PDT de Ciro Gomes, o PSB (talvez com a exceção de São Paulo), a Rede e os verdes. E a sensibilidade de direita, excluído o braço extremista, não concerne somente o PSDB, mas também parte do PSB, do MDB e muitos políticos do Centrão.

A ferida entre as duas sensibilidades, herdeiras de dois grandes partidos, não cicatriza porque continuam os conflitos, continua o ódio. As acusações mútuas não cessam, desde a destituição de Dilma. Reaproximar os inimigos diletos é tarefa bastante difícil. Cada um teme ser manipulado. Os conservadores temem ajudar no reerguimento do PT porque detestam seu programa e acreditam que o partido tentará fazer do Brasil uma Venezuela. É pura imaginação, mas a imaginação é uma faculdade poderosa. Os progressistas, por sua vez, não querem ser usados para viabilizar um bolsonarismo sem Bolsonaro, como um governo Sergio Moro, ou coisa similar. Some-se ainda o fato de que, caso um movimento de agregação das distintas sensibilidades contra Bolsonaro conquistasse parte dos eleitores do presidente, eles provavelmente não iriam para o PT, que odeiam, mas para partidos de direita: razão a mais para os progressistas não quererem fazer o jogo de quem depôs Dilma e prendeu Lula, pois assim fortaleceriam seus opositores.

Ocorre, porém, que a aproximação entre as duas sensibilidades é agora um dever republicano, um ato de defesa da civilização e da vida. Bolsonaro se elegeu não tanto por causa do antipetismo, como alguns conservadores afirmam, mas de um sentimento de aversão a todo o sistema político, que contagiou grande parte dos eleitores nos últimos anos e lançou no mesmo saco PT e PSDB, ambos acusados dos vícios da “velha política”. O perigo, quando esses dois partidos tentaram se destruir, foi que muita gente acabou dizendo: “Os dois têm razão.” E os próprios partidos se viram, por fim, ameaçados e condenados – junto com o que restava de civilidade no Brasil.

Se conseguirmos iniciar um diálogo entre essas duas sensibilidades – não necessariamente passando por líderes partidários, porque, como eu disse, de partido mesmo só restou o PT –, isso criará um fato político de enorme impacto. Será o primeiro sinal de que o rancor, esse mau conselheiro, deixou a cena política, dando lugar ao diálogo democrático. Para os brasileiros desalentados com a política e com os destinos do país, será uma demonstração prática da volta da democracia, da disposição das forças políticas a se renovar e superar as disputas do passado em prol de um tempo novo e melhor para todos.

A fim de estabelecer esse diálogo, precisaríamos baixar as armas. Não temos de abrir mão das críticas, mas devemos distinguir o adversário político e o inimigo da própria política. Será necessário criar um espaço comum, cujo primeiro terreno a lavrar, agora, é justamente o da vida. A ideologia tem pouca utilidade quando há centenas de pessoas morrendo diariamente no país. É isso o que conta, acima das disputas.

Um passo incipiente, mas importante – apesar de seus efeitos mais simbólicos que práticos – foram as recentes reuniões de ex-ministros das Relações Exteriores, da Educação (de que participei), da Cultura, da Saúde, do Meio Ambiente, pessoas que atuaram em governos e partidos que se digladiaram no passado recente, mas se uniram agora para protestar contra a destruição dessas áreas. Pontos em comum devem ser retomados: a melhoria do sistema público de saúde, prioritária ante a pandemia; a defesa da natureza, essencial tanto do ponto de vista ético quanto econômico, porque perdemos mercados com a destruição da Amazônia; a luta contra a pobreza e a miséria – temas que foram destaque em todos os governos, de Itamar Franco a Dilma Rousseff.

Também a educação básica pública pode unificar os discursos e, neste campo, já tivemos resultados práticos, como demonstrou a aprovação quase unânime do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) na Câmara. Tucanos e petistas convergiram a esse respeito durante os governos do PT, apesar das divergências, que eram pequenas – a diferença maior ocorria em relação ao ensino superior, que o PT preferia público e o PSDB, privado. Entretanto, argumentos que soam éticos aos ouvidos da esquerda nem sempre persuadem os conservadores. Talvez fosse preciso um segundo argumento, mais pragmático, para convencê-los a respeito da necessidade da educação: o país joga fora talentos. Uma boa educação multiplicaria por três o nosso modesto PIB.

O Brasil sobreviverá a mais dois anos dessa loucura que é o governo Bolsonaro? Podemos discutir se há método ou não nela, mas que é loucura, isso é. O país está se liquefazendo. Um meio de conter essa devastação passa pela conversa entre as duas sensibilidades e a formulação, em conjunto, de um programa para enfrentar todos os desafios colocados pela pandemia, com novas medidas para o sistema público de saúde, para a educação pública, para a redução da pobreza e, antes de mais nada, para a defesa da vida. Essa mobilização conjunta permitiria, inclusive, que parte da direita reconstruísse o campo hoje inexistente da centro-direita.

Será possível produzir um diálogo dos que chamarei de democratas com os bolsonaristas não radicais, aqueles 15% que não veem o presidente como um guru infalível?

Na sua coluna no jornal O Globo, o jornalista Ascânio Seleme publicou um texto de título provocativo: “É hora de perdoar o PT.” Os petistas em geral odiaram o texto – e o título. Por que teriam eles que ser perdoados, se seu governo sofreu o que chamam de um golpe jurídico-parlamentar? Ora, um artigo com esse título não se dirige a petistas, mas a antipetistas. A questão colocada por Seleme poderia ser formulada assim: “Vocês, que ajudaram a eleger Bolsonaro por terem ódio ao PT, querem continuar alimentando esse governo e a destruição do Brasil ou estão dispostos a rever sua posição e buscar algum tipo de aproximação para enfrentar o mal maior?”

Uma fração importante da direita não fascista, que porém nutriu o bolsonarismo e/ou votou em Bolsonaro, cobra sem cessar uma autocrítica do PT – que poderia ser feita, mas certamente não da maneira como deseja a direita. Mas não estaria também na hora de a própria direita fazer sua autocrítica? Afinal, ao apoiar a destituição de Dilma por razões difíceis de entender, ela abriu uma caixa de Pandora que acabou devorando os próprios estimuladores não extremistas do impeachment e, além disso, tornou difícil usar o mesmo instrumento de destituição contra um presidente que, esse sim, cometeu, segundo juristas, vários atos que o fazem merecer o afastamento do poder.

A disputa, agora, não é propriamente eleitoral, mas entre vida e morte. Quantas vidas se foram só porque o governo federal detonou os esforços racionais de políticos, inclusive conservadores, como Doria e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ambos apoiadores do presidente nas eleições de 2018? Quantas pessoas ainda morrerão, seja porque Bolsonaro ataca precauções elementares contra a Covid-19, como o uso da máscara e a quarentena, seja porque populações vulneráveis, como os indígenas, não receberam a proteção devida?

Uma situação tão grave não deveria levar as forças democráticas a iniciar um diálogo com as pessoas que, não sendo extremistas, ainda apoiam Bolsonaro?

A socióloga Esther Solano e a cientista política Camila Rocha ouviram 27 bolsonaristas das classes C e D, e deduziram que eles se dividem hoje em três grupos: os apoiadores fiéis, os apoiadores críticos e os arrependidos. As pesquisadoras indicaram as principais críticas dos entrevistados bolsonaristas a Bolsonaro, como a postura negacionista do presidente com relação à Covid-19, a sua falta de empatia com os infectados e os mortos, a falta de foco nas questões essenciais de governo, a violência retórica e a atuação de seus filhos. Por outro lado, esses seguidores endossam as medidas econômicas adotadas pelo governo durante a pandemia, acham que a gestão de Doria faz politicagem com a doença e permanecem decepcionados com o sistema político como um todo. “Acreditamos que um dos maiores desafios para o campo democrático será se apresentar como uma alternativa viável para contemplar aqueles que se sentem politicamente órfãos”, afirmam as pesquisadoras, em artigo publicado na Folha de S. Paulo. “Dialogar com esse setor da população pode ser difícil, mas, certamente, não é impossível.”

Foi justamente essa questão – saber se é possível dialogar com uma faixa de bolsonaristas – que formulei em minha página no Facebook no dia 8 de julho. Recebi algumas sugestões de meus interlocutores.

Houve consenso de que não é útil culpar e atacar os eleitores de Bolsonaro. Seria melhor dialogar de verdade e “não bater de frente”, como disse alguém, pois do contrário eles tendem a ficar na defensiva. “Temos que gerar empatia”, afirmou um amigo, que faz questão de manter eleitores de Bolsonaro entre seus interlocutores no Facebook e de curtir seus comentários de bom senso, para favorecer a recíproca. “Não partir do pressuposto de que o outro [o eleitor de Bolsonaro] é hipodotado”, defendeu outro amigo.

Duas bandeiras caras aos bolsonaristas emergiram no debate na rede social: a luta contra a corrupção e o patriotismo. Alguns de meus interlocutores pensam, como eu, que as esquerdas deveriam assumir – tal como já fizeram no passado recente – como legítimo o combate à corrupção, útil ao aprimoramento da atividade política. Valeria indicar aos seguidores do presidente que essa luta ainda está longe de ter resultados efetivos no país, haja vista as suspeitas que pairam no círculo do próprio governo e de sua própria família.

Muitos dos meus interlocutores também não veem como nefasto o patriotismo, se não estiver acompanhado da xenofobia e de outros preconceitos, como o que ocorre a alguns em Brasília, com relação à China. Tanto mais que o patriotismo parece ser um sentimento apenas de fachada para Bolsonaro, que prometeu entregar o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, aos Estados Unidos – o que valeria recordar aos patriotas bolsonaristas. (Os patriotas de fachada se denunciam quando carregam com orgulho e empenho as bandeiras dos Estados Unidos e de Israel em suas manifestações.)

A defesa da vida, por si só, deveria ser um argumento suficiente às pessoas civilizadas. Mas há outros, relacionados às questões de competência e mérito, temas tão caros à direita (penso, aliás, que parte da esquerda erra ao não dar o devido peso à questão do mérito). Pois a gestão do governo para controlar a pandemia é um exemplo de incompetência administrativa. Uma quarentena mais dura e organizada, logo no início dos contágios, certamente teria permitido que a economia ressurgisse mais cedo – sem precisar sacrificar os pequenos empresários, como propôs o ministro Paulo Guedes na fatídica reunião ministerial de 22 de abril. O descaso com o meio ambiente também é uma demonstração de incompetência, com efeitos devastadores sobre a economia.

Não se desfaz uma laboriosa construção do ódio e da desrazão num dia só. O campo democrático tende a achar que todos os seguidores de Bolsonaro são fascistas ou idiotas. Mas não é bem o que ocorre. O arrependimento é uma manifestação de dignidade. Também não se pode ignorar que, provavelmente, grande parte das pessoas se importa pouco com a política, que não é prioridade para elas. A despolitização é um sério problema, pois fragiliza uma sociedade – mas pode ter, nas circunstâncias atuais, um aspecto positivo: talvez muitos indivíduos, mais do que se imagina, estejam dispostos a escutar os argumentos da democracia, sem tantos preconceitos. Talvez.

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